Teyana Taylor - The Album

Voz potente e parcerias importantes trazem o diferencial ao terceiro álbum da artista, uma odisseia longa que, talvez, tenha se perdido ao longo do caminho

Isabela Barreiros
3 min readJul 18, 2020
Capa do The Album (2020) / Divulgação

The Album é o terceiro álbum da multifacetada Tayana Taylor. Complexo, longo e com participações que animam, o disco começa com uma introdução tensa, íntima: é a gravação de uma ligação do marido da artista, Iman Shumpert, quando ela estava dando luz a sua filha na banheira de casa em 2015. Junie, com cinco anos atualmente, faz uma participação ativa na próxima canção. Ela a inicia e faz com que fiquemos mais tranquilos depois da tensão de sua vinda ao mundo. “Turn it up, I gotta hear it, turn it up”, diz. No final da música, a menina ainda faz outra intervenção. “Can you be quiet?”, interrompe.

Quando o álbum se inicia com essa proximidade de Tayana e sua filha, o esperado é que este se tratasse de um disco sobre maturidade e, principalmente, maternidade. No entanto, não é isso que acontece em The Album. Na verdade, apenas no começo e na canção Made It, já no final do disco, possuem tais referências.

Esse início, que em Come Back To Me, em parceria com Junie e Rick Ross, traz uma vibe soul e gostosa de ouvir, também faz com que esperemos mais dessa sensação ao longo do disco. A artista mistura diversos elementos, como o soul, o reggae mais para frente, em faixas como Bad e referências à musicalidade de uma inspiração que também está no álbum — Ms. Lauryn Hill finaliza o trabalho longo, que é composto por 23 músicas e mais de uma hora de duração, com uma mensagem potente e importante sobre amor e amadurecimento.

Porém, o fato de o álbum ser uma viagem quase muito demorada faz com que ele se perca um pouco no meio do caminho. Algumas canções ficaram fora de lugar, como Friends logo após Try Again. A temática estaria mais de acordo na sequência travada entre Bad e Wrong Bitch, que tratam de temas como a decepção amorosa de uma mulher que sabe o que merece. Elas são mais brutas e diretas: “you turned a good girl into a bad bitch” resume bem essa estética.

Esses problemas de tema ficam bem explícitos quando percebemos que o álbum é composto por pequenas divisões. Já no começo, temos maternidade e amadurecimento. Seguido disso, vêm as canções sobre amor, sobre construir família e é um sentimento puro e bonito. Isso não segue por muito tempo — logo temos as músicas sensuais, e a partir de 1800-One-Night se inicia o capítulo sensual do álbum, seguida de Morning, com a participação sedutora de Kehlani. As cenas sexuais são explícitas e a letra fala exatamente o que ela quer. Típico R&B de “fazer bebês”.

O drama, então entra na narrativa temática do disco. Com Bad, temos uma decepção amorosa, e aí ela começa a querer que o parceiro prove o que realmente quer. É principalmente nessa seção que a artista coloca canções que mostram sua impressionante potência vocal. As dramáticas Lose Each Other e Still demonstram como ela tem jeito para agudos, graves e tudo o que estiver disposta a fazer.

Se não fossem as parcerias com nomes importantes do R&B — tanto mais atuais como Future e Kehlani, por exemplo, e dos mais antigos, como a icônica Ms. Lauryn Hill — e a potência de voz demonstrada pela cantora, este poderia ser apenas mais um disco do mesmo gênero. Teyana começa, mas não completa o que se colocou para fazer. Ela inicia temas importantes, mas não se aprofunda neles — parece que o álbum não é sobre ela, e sim algo que deveria ser produzido. As diferentes potencialidades do R&B, também superficialmente exploradas no The Album, demonstram que faltou algo. Continua sendo um bom disco, talvez muito longo, mas que tem canções muito boas, com destaque para Lowkey, com Erykah Badu, e Made It.

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